|William J. Seymour
Muitas igrejas têm orado para um Pentecoste, e o Pentecoste
veio. A pergunta agora é, será que o elas aceitarão? Deus respondeu de
uma forma que elas não procuraram. Ele veio de uma forma humilde, como
no passado, nascido em uma manjedoura. - The Apostolic Faith, setembro de 1906
Agora só uma palavra relativa ao irmão Seymour,
que é o líder do movimento debaixo de Deus. Ele é o homem mais manso que
eu já encontrei. Ele caminha e conversa com Deus. O poder dele está na
sua fraqueza. Ele parece manter uma dependência desamparada em Deus e é
tão simples como uma pequena criança, e ao mesmo tempo ele está tão
cheio de Deus que você sente o amor e o poder toda vez que você chegar
perto dele. - W H Durham, The Apostolic Faith, fevereiro / marco de 1907
O avivamento da Rua Azusa, na cidade de Los Angeles -
EUA, tem marcado profundamente o Cristianismo dos últimos cem anos.
Hoje, dos 660 milhões de cristãos protestantes e evangélicos no mundo, 600 milhões
pertençam a igrejas que foram diretamente influenciadas pelo avivamento
da Rua Azusa (Pentecostais, Carismáticos, Terceira-Onda etc).1
O início do avivamento começou com o ministério do
Charles Fox Parham. Em 1898 Parham abriu um ministério, incluindo uma
escola Bíblica, na cidade de Topeka, Kansas. Depois de estudar o livro
de Atos, os alunos da escola começaram buscar o batismo no Espírito
Santo, e, no dia 1° de janeiro de 1901, uma aluna, Agnes Ozman, recebeu o
batismo, com a manifestação do dom de falar em línguas estranhas. Nos
dias seguintes, outros alunos, e o próprio Parham, também receberam a
experiência e falaram em línguas.2
Nesta época, as igrejas Holiness ("Santidade"), descendentes da Igreja Metodista,
ensinaram que o batismo no Espírito Santo, a chamada "segunda benção",
significava uma santificação, e não uma experiência de capacitação de
poder sobrenatural. Os dons do Espírito Santo, tais como falar em
línguas estranhas, não fizeram parte da sua teologia do batismo no
Espírito. A mensagem do Parham, porém, foi que o batismo no Espírito
Santo deve ser acompanhado com o sinal miraculoso de falar em línguas.
Parham, com seu pequeno grupo de alunos e obreiros,
começou pregar sobre o batismo no Espírito Santo, e também iniciou um
jornal chamado "The Apostolic Faith" (A Fé Apostólica). Em Janeiro de 1906 ele abriu uma outra escola Bíblica na cidade de Houstan, Texas.
Um dos alunos esta escola foi o William Seymour.
Nascido em 1870, filho de ex-escravos, Seymour estava pastoreando uma
pequena igreja Holiness na cidade, e já estava orando cinco horas por dia para poder receber a plentitude do Espírito Santo na sua vida.
Seymour enfrentou as leis de segregação racial da
época para poder freqüentar a escola. Ele não foi autorizado ficar na
sala de aula com os alunos brancos, sendo obrigado a assistir as aulas
do corredor. Seymour também não pude orar nem receber oração com os
outros alunos, e conseqüentemente, não recebeu o batismo no Espírito
Santo na escola, mesmo concordando com a mensagem.
Uma pequena congregação Holiness da cidade de
Los Angeles ouviu sobre Seymour e o chamou para ministrar na sua
igreja. Mas quando ele chegou e pregou sobre o batismo no Espírito Santo
e o dom de línguas, Seymour logo foi excluído daquela congregação.
Sozinho na cidade de Los Angeles, sem sustento
financeiro nem a passagem para poder voltar para Houston, Seymour foi
hospedado por Edward Lee, um membro daquela igreja, e mais tarde, por
Richard Asbery. Seymour ficou em oração, aumentando seu tempo diário de
oração para sete horas por dia, pedindo que Deus o desse "aquilo que
Parham pregou, o verdadeiro Espírito Santo e fogo, com línguas e o amor e
o poder de Deus, como os apóstolos tiveram."1
Uma reunião de oração começou na casa da família
Asbery, na Rua Bonnie Brae, número 214. O grupo levantou uma oferta para
poder trazer Lucy Farrow, amiga de Seymour que já tinha recebido o
batismo no Espírito Santo, da cidade de Houston. Quando ela chegou,
Farrow orou para Edward Lee, que caiu no chão e começou falar em línguas
estranhas.
Naquela mesma noite, 9 de abril de 1906, o poder do
Espírito Santo caiu na reunião de oração na Rua Bonnie Brae, e a maioria
das pessoas presentes começaram falar em línguas. Jennie Moore, que
mais tarde se casou com William Seymour, começou cantar e tocar o piano,
apesar de nunca tiver aprendido a tocar.
A partir dessa noite, a casa na Rua Bonnie ficou lotado com pessoas buscando o batismo no Espírito Santo.
Dentro de poucos dias, o próprio Seymour também recebeu o batismo e o dom de línguas.
Uma testemunha das reuniões na Rua Bonnie Brae disse:
Eles gritaram durante três dias e três noites.
Era Páscoa. As pessoas vieram de todos os lugares. No dia seguinte foi
impossível chegar perto da casa. Quando as pessoas entraram, elas
caiaram debaixo do poder de Deus; e a cidade inteira foi tocada. Eles
gritaram lá até as fundações da casa cederam, mas ninguém foi ferido.
Durante esses três dias havia muitas pessoas que receberam o batismo. Os
doentes foram curados e os pecadores foram salvos assim que eles
entraram.1
Rua Azusa, 312
Muitos cristãos na cidade de Los Angeles e cidades
vizinhas já estavam esperando por um avivamento. Frank Bartleman e
outros estiveram pregando e intercedendo por um avivamento como aquilo
que Deus estava derramando sobre o país de Gales.
Num folheto escrito em novembro de 1905, Barteman escreveu:
A correnteza do avivamento
está passando pela nossa porta... O espírito de avivamento está
chegando, dirigido pelo sopro de Deus, o Espírito Santo. As nuvens estão
se juntando rapidamente, carregadas com uma poderosa chuva, cuja
precipitação demorará apenas um pouco mais.
Heróis se levantarão
da poeira da obscuridade e das circunstâncias desprezadas, cujos nomes
serão escritos nas páginas eternas da fama Celestial. O Espírito está
pairando novamente sobre a nossa terra, como no amanhecer da criação, e o
decreto de Deus saía: "Haja luz"...
Mais uma vez o vento
do avivamento está soprando ao redor do mundo. Quem está disposto a
pagar o preço e responder ao chamado para que, em nosso tempo, nós
possamos viver dias de visitação Divina?3
O pastor da Primeira Igreja Batista, Joseph
Smale, visitou o avivamento em Gales, e reuniões de avivamento
continuavam para alguns meses na sua igreja, até que ele foi demitido
pela liderança. Bartleman escreveu e recebeu cartas de Evan Roberts, o
líder do avivamento de Gales. Mas o avivamento começou com o pequeno
grupo de oração dirigido por Seymour. Depois de visitar a reunião na Rua
Bonnie Brae, Bartleman escreveu:
Havia um espírito geral de
humildade manifesto na reunião. Eles estavam apaixonados por Deus.
Evidentemente o Senhor tinha achado a pequena companhia, ao lado de fora
como sempre, através de quem Ele poderia operar. Não havia uma missão
no país onde isso poderia ser feito. Todas estavam nas mãos de homens. O
Espírito não pôde operar. Outros mais pretensiosos tinham falhados.
Aquilo que é estimado por homem foi passado mais uma vez e o Espírito
nasceu novamente num "estábulo" humilde, por fora dos estabelecimentos
eclesiásticos como sempre.3
Interesse nas reuniões na Rua Azusa aumentou
depois do terrível terremoto do dia 18 de abril, que destruiu a cidade
vizinha de San Francisco. Duras críticas das reuniões nos jornais da
cidade também ajudavam a espalhar a noticia do avivamento.
Como no avivamento de Gales, as reuniões não foram
dirigidas de acordo com uma programação, mas foram compostos de orações,
testemunhos e cânticos espontâneos. No jornal da missão, também chamado
"The Apostolic Faith", temos a seguinte descrição dos cultos:
"As reuniões foram
transferidas para a Rua Azusa, e desde então as multidões estão vindo.
As reuniões começam por volta das 10 horas da manhã, e mal conseguem
terminar antes das 20 ou 22 horas, e às vezes vão até às 2 ou 3 horas da
madrugada, porque muitos estão buscando e outros estão caídos no poder
de Deus. As pessoas estão buscando no altar três vezes por dia, e
fileiras e mais fileiras de cadeiras precisam ser esvaziadas e ocupadas
com os que estão buscando. Não podemos dizer quantas pessoas têm sido
salvas, e santificadas, e batizadas com o Espírito Santo, e curadas de
todos os tipos de enfermidade. Muitos estão falando em novas línguas e
alguns estão indo para campos missionários com o dom de línguas. Estamos
buscando mais do poder de Deus."4
Frank Bartleman também escreveu sobre os cultos na Rua Azusa:
O irmão Seymour
normalmente se sentou atrás de duas caixas de sapato vazias, uma em cima
da outra. Ele acostumava manter sua cabeça dentro da caixa de cima
durante a reunião, em oração. Não havia nenhum orgulho lá. Os cultos
continuavam quase sem parar. Almas sedentas poderiam ser encontradas
debaixo do poder quase qualquer hora, da noite ou do dia. O lugar nunca
estava fechado nem vazio. As pessoas vieram para conhecer Deus. Ele
sempre estava lá. Conseqüentemente, foi uma reunião contínua. A reunião
não dependeu do líder humano. Naquele velho prédio, com suas vigas
baixas e chão de barro, Deus despedaçou homens e mulheres fortes, e os
juntou novamente, para a Sua glória. Era um processo tremendo de
revisão. O orgulho e a auto-asserção, o ego e a auto-estima, não podiam
sobreviver lá. O ego religioso pregou seu próprio sermão funerário
rapidamente.
Nenhum assunto ou
sermão foi anunciado de antemão, e não houve nenhum pregador especial
por tal hora. Ninguém soube o que poderia acontecer, o que Deus faria.
Tudo foi espontâneo, ordenado pelo Espírito. Nós quisemos ouvir de Deus,
através de qualquer um que Ele poderia usar para falar. Nós tivemos
nenhum "respeito das pessoas." O rico e educado foi igual ao pobre e
ignorante, e encontrou uma morte muito mais difícil para morrer. Nós
reconhecemos somente a Deus. Todos foram iguais. Nenhuma carne poderia
se gloriar na presença dele. Ele não pôde usar o opiniático. Essas foram
reuniões do Espírito Santo, conduzidas por Deus. Teve que começar num
ambiente pobre, para manter o elemento egoísta, humano, ao lado de fora.
Todos entraram juntos em humildade, aos pés dele.3
Notícias sobre as reuniões na Rua Azusa
começaram a se espalhar, e multidões vierem para poder experimentar
aquilo que estava acontecendo. Além daqueles que vierem dos Estados
Unidos e da Canadá, missionários em outros países ouvirem sobre o
avivamento e visitavam a humilde missão. A mensagem, e a experiência,
"Pentecostal" foi levada para as nações. Novas missões e igrejas
Pentecostais foram estabelecidas, e algumas denominações Holiness
se tornaram igrejas Pentecostais. Em apenas dois anos, o movimento foi
estabelecido em 50 nações e em todas as cidades nos Estados Unidos com
mais de três mil habitantes.5
A influência da missão da Rua Azusa começou a diminuir
à medida que outras missões e igrejas abraçaram a mensagem e a
experiência do batismo do Espírito Santo. Uma visita de Charles Parham à
missão, em outubro de 1906, resultou em divisão e o estabelecimento de
uma missão rival. Parham não se conformava com a integração racial do
movimento, e criticou as manifestações que ele viu nas reuniões.
Em setembro de 1906 a Missão da Rua Azusa lançou o
jornal "The Apostolic Faith", que foi muito usado para espalhar a
mensagem Pentecostal, e continuou até maio de 1908, quando a mala direta
do jornal foi indevidamente transferida para a cidade de Portland,
assim efetivamente isolando a missão de seus mantenedores.
O avivamento da Rua Azusa durou apenas três anos, mas
foi instrumental na criação do movimento Pentecostal, que é o maior
segmento da igreja evangélica hoje. William H. Durham recebeu seu
batismo no Espírito Santo em Azusa, formando missionários na sua igreja
em Chicago, como E. N. Bell (fundador da Assembleia de Deus dos EUA),
Daniel Burg (fundador da Assembleia de Deus no Brasil) e Luigi
Francescon (fundador da Congregação Cristã no Brasil).6
Pr Paul David Cull
www.avivamentoja.com
1. Fire on the Earth por Eddie Hyatt
2. The Topeka Outpouring of 1901 por Larry Martin
3. Azusa Street por Frank Bartleman
4. Jornal The Apostolic Faith da Missão Azusa
5. The Fire That Could Not Die por Rick Joyner
6. Azusa Street & Beyond por Grant McClung
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