Ele estava no lugar errado e na hora errada. Enquanto Jesus
fazia o seu árduo percurso do Pretório até o Gólgota, os soldados romanos
obrigaram Simão a trabalhar. Tudo o que se sabe desse homem acha-se na
combinação dos relatos de Mateus, Marcos e Lucas: "E, como o conduzissem,
constrangendo um cireneu, chamado, Simão, pai de Alexandrre e Rufo, que vinha
do campo, para que carregassem-lhe a cruz". É tudo o que temos.
Cirene ficava na costa da África do Norte e tinha sido
fundada como uma colônia grega por volta de 600 anos antes. Nessa comunidade
grega, mais tarde entregue à posse dos romanos, foi acolhida uma grande
comunidade de judeus. A população judaica dessa província romana era tão
significativa, que Jerusalém tinha o orgulho de ter uma "Sinagoga dos
Libertos" para os visitantes de Cirene e para outros estados livres (Atos
6:9).
Ao que tudo indica, Simão encontrava-se em Jerusalém em
razão da Páscoa. É Marcos quem registra que Simão foi escolhido por acaso:
"Que passava, vindo do campo". Nada em nenhum dos evangelhos leva a
crer que ele tenha tido alguma participação na trama para destruir Jesus.
Parece que se tratava de um espectador inocente. Que deve ter pensado quando
foi tomado no horror de uma crucificação? Embora ele não tivesse tocado um homem
morto, seria considerado impuro e incapaz de participar da festa? E por que ele
tinha sido escolhido em meio à multidão; será que um cidadão romano deveria ser
forçado a executar uma tarefa tão repulsiva assim? E, afinal de contas, quem
era esse Jesus de Nazaré? Que crime hediondo tinha levado a uma morte tão
abominável?
Especulações não faltaram acerca da identidade de Simão e
acerca de seu futuro. Houve quem tentasse ligar o seu nome a outras personagens
do Novo Testamento. Na verdade, é bem possível que ele seja mencionado como o
pai de Alexandre e de Rufo porque eles eram bem conhecidos dos cristãos
primitivos, mas mesmo assim isso não nos informa quem eles eram. Simão, de
Cirene, passa brevemente pelo palco das Escrituras, depois desaparece de novo
na obscuridade. Mas uma coisa é certa: Simão se viu face a face com o Salvador
crucificado, assim como todos nós devemos.
Embora possamos considerar Simão um espectador inocente
preso pelas circuntâncias, será que o homem pode de fato ser considerado
inocente? Simão foi testemunha ocular do que devemos testemunhar pela fé:
"O Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29). Só
podemos ficar nos perguntando se ele jamais veio a perceber a importância
daquele momento.
É difícil crer que Simão nunca tenha ouvido sobre Jesus.
Embora ele vivesse num país estrangeiro, toda Jerusalém havia estado agitada
com as notícias do carpinteiro de Nazaré. O trabalho do Messias não tinha
ocorrido dentro de um armário. Ele tinha entrado na cidade em meio ao grande
alvoroço por parte do povo; ele havia expulsado do templo os comerciantes; ele
continuou a curar os enfermos; regularmente rebateu os fariseus e escribas; e
tinha ressuscitado Lázaro do túmulo. A nação de Israel podia estar dividida
quanto à identidade dele, mas tinham de reconhecer a sua presença.
O que Simão pensou quando percebeu a cruz de quem estava
carregando? Que opinião ele tinha formado acerca desse profeta e pregador
itinerante? Será que Simão estava de acordo com os fariseus, ou teria pranteado
junto com o povo comum? Jamais saberemos. O que importa, entretanto, é como
Simão reagiu após o Calvário.
Antes da crucificação, Simão era apenas como todos nós.
"Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 3:23). Era
um pecador, perdido e condenado, incapaz de expiar os próprios pecados. É
exatamente a condição em que estamos hoje. Mas, após a cruz, as coisas mudaram
para sempre! Agora, por meio da graça de Deus, manifesta no sangue de Cristo,
podemos ser limpos do pecado e reconciliados com Deus (2 Coríntios 5:17-21).
Simão não mais teria de rolar no mau cheiro e na lama do pecado; ele podia ser
enterrado com Cristo e andar "em novidade de vida" (Romanos 6:4).
Cada um de nós, à semelhança de Simão, toma o nosso lugar
como uma figura obscura na vastidão da história. Como reagiremos diante da
cruz? Será que acreditaremos que Jesus morreu por outra pessoa, ou nos
lançaremos na misericórdia de Deus, reconhecendo o Filho como a nossa única
esperança? E, como Simão, estaremos dispostos a carregar a cruz de Jesus?
Faremos hoje o que ele foi obrigado a fazer S carregar a vergonha e o opróbrio
dos homens pela causa de Cristo?
-por Steve Dewhirst
Fonte: www.estudosdabiblia.net/a10_8.htm
http://personagembiblico.blogspot.com.br/
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